sexta-feira, 15 de abril de 2011

6º Capítulo - Parte 2

Parte anterior: Samantha e Diego conversam e fica tudo bem. Diego tenta conversar com Lani, pedir desculpas.. mas ela não aceita. Para ler clique AQUI!

 
Lani olhou para sua mãe que colocava a comida sobre a mesa e ela devolveu o olhar com um sorriso:
_Como foi o primeiro dia de aula? – Gilda perguntou voltando o olhar para a mesa.
_Normal. – Lani disse se jogando na primeira cadeira. Não estava nem um pouco interessada em falar sobre o seu dia, mas sabia que a mãe perguntaria sobre tudo.
_Fez alguma amizade nova?
_Conhece Emanuelle? – Lani perguntou revirando os olhos.
_Não conheço todo mundo dessa cidade.
_Ela grudou em mim lá e não desgrudou mais. Acho que vou ter que suportá-la por muito tempo.
_Mas você não gostou dela?
Lani fez bico e começou a roer o esmalte vermelho da unha.
Emanuelle era totalmente diferente de Samantha, talvez esse fosse o problema. Lani queria a amizade de Samantha de volta ou uma amizade muito melhor. Mas Emanuelle era uma garota comum, bonita, mas nada que chamasse a atenção ou atraísse olhares e o jeito dela conversar era diferente, às vezes enjoativo, sem contar que ela usava aparelho, o que a deixava parecida com uma adolescente do ensino fundamental.
Lani queria uma amiga alta, linda, sensacional e que todos os olhares se voltassem quando ela passasse. Alguém como Samantha. Lani sabia que só iria conseguir causar inveja em Samantha se conseguisse alguém melhor do que ela, e ela queria uma amiga que fizesse Samantha morrer de inveja.
_Eu não sei. – Lani disse desinteressada. – Por que ela não largou do meu pé? Não tem amigos? Se ela não tem, então é porque ela nem é tão legal assim.
_Mas Lani, você não pode escolher um amigo pela quantidade de amigos que essa pessoa tem.
_Claro que sim, mãe! Se uma pessoa tem muitos amigos então é porque ela é legal! Não é?
_E você tem muitos amigos? – Gilda perguntou séria.
Lani ficou de pé com raiva:
_Não estamos falando de mim, estamos falando de Emanuelle! Além do mais... Ah, nem sei!
Gilda começou a rir:
_Você gostou dela não é? Eu te conheço Lani, você gostou dela.
_Não disse isso. – Lani disse revoltada e caminhando até a pia ligou a torneira.
_Se você não tivesse gostado dela você não estaria tão revoltada agora. Qual é o problema em ter amigas, Lani? Qual é o problema em fazer novas amizades?
Lani caminhou até a mãe e respirou fundo:
_Queria alguém que pudesse fazer confidências sem me preocupar e eu não sei se posso confiar em Emanuelle, ela fica perguntando muito, às vezes me parece uma fofoqueira. A verdade, mãe, é que eu queria a amizade de Samantha de volta.
Gilda a olhou séria:
_Confiança se constrói com o tempo. Você conversou com a garota hoje, é claro que ainda não da pra confiar... Mas com o passar dos dias você vai saber se pode confiar nela. E sobre Samantha, a amizade dela te fazia muito bem, mas expirou não é?
_Expirou?
_É, Lani. Acabou e eu acho que você tem que entender isso. Às vezes coisas boas acabam sem que possamos entender, mas elas acabam para que coisas melhores aconteçam, acredite em mim.
_Mas e se eu tentasse mais um pouco? Talvez se eu insistisse ela voltaria a ser minha amiga.
Gilda colocou a mão no ombro da filha:
_Ficar insistindo agora não vai resolver nada e você não pode ficar esperando o resto da vida pela amizade dela, além do mais, quem disse que você não pode ser amiga de Emanuelle e ser amiga de Samantha também? Uma coisa não exclui a outra.
Lani mordeu o lábio inferior enquanto pensava.
_Laninha, não sei por que a amizade acabou, nem sei como está a situação de vocês... Mas independente de tudo isso, acho que o importante sempre é seguir em frente.
_Eu sei.
_Você não quer me contar o que aconteceu? Talvez eu possa te ajudar.
Lani caminhou até a porta e olhou para a mãe:
_Vou tomar um banho, depois conversamos mais.
Sem esperar resposta saiu.
A última coisa que queria conversar com a mãe era sobre os erros do passado.


A praça, que ficava de frente para o colégio, estava cheia de alunos quando Lani chegou para a aula extra. A primeira pessoa que ela viu foi Emanuelle, ela estava sentada na grama com uma turma de rapazes e moças. Emanuelle estava com o cabelo solto que caia delicadamente sobre o rosto e ela ria enquanto conversava com uma menina sentada ao seu lado.
Lani parou perto do portão e ficou a observar Emanuelle.
Ela vestia um vestido branco com estampas delicadas de flores, no braço um bracelete e no dedo um anel. Uma coisa não podia ser negada, ela era muito bonita.
Lani estava viajando em pensamentos quando viu Emanuelle ficar de pé e caminhar em sua direção:
_Lani! Que bom que você já chegou! E aí? Animada?
_Um pouco. – Lani respondeu sem graça. Será que Emanuelle havia notado que ela a estava observando?
_Lani, a galera combinou de ir pra lanchonete hoje, vamos comemorar o primeiro dia de aula. – Emanuelle disse animada enquanto caminhavam para o pátio.
_Nossa... Tudo é motivo de comemoração por aqui né? – Lani disse com amargura ao se lembrar do convite que recebera de Diego.
Emanuelle a olhou surpresa.
_Que galera? – Lani perguntou tratando logo de mudar de assunto.
_O pessoal do colégio, amigos meus. Eu acho que seria bacana se você fosse, tenho certeza que você vai adorá-los! – Ela disse animada.
_Então você tem amigos? – Lani disse sem pensar.
Emanuelle a olhou ainda mais surpresa:
_É, eu tenho. Por que eu não teria?
Lani a olhou e antes que pudesse evitar, a verdade escapuliu da sua boca:
_Porque você não desgrudou de mim hoje de manhã e eu não te vi conversando com mais ninguém.
Emanuelle afastou o cabelo do rosto, na verdade estava tentando prolongar o tempo até achar uma resposta adequada:
_Não sei se você percebeu Lani, mas era você quem estava sozinha! E não sei se você percebeu também, mas a única cadeira vazia na cantina era a que estava de frente pra você. Totalmente fora de cogitação estudarmos na mesma sala, sentarmos uma de frente para a outra na cantina e não conversarmos. Depois disso fiquei perto de você porque estudamos na mesma sala e quando a aula terminou caminhei até o portão com você. Agora se isso estava te incomodando, por favor, me desculpe. Só achei mesmo que poderíamos ser amigas.
Emanuelle esperou que Lani dissesse alguma coisa, talvez um pedido de desculpas. Mas Lani continuou calada sem saber o que dizer. Sem pensar duas vezes Emanuelle virou as costas e se afastou sem olhar para trás.
Lani respirou demoradamente e fechou os olhos.
O que tinha feito? Onde ela estava com a cabeça de conversar daquele jeito com Emanuelle?
Passou apressada pelo pátio que estava cheio de estudantes e caminhou até o banheiro feminino que estava completamente vazio.
Olhou-se demoradamente no espelho.
Olhos inteiramente vazios, o cabelo loiro estava bagunçado e caia alguns fios sobre o rosto, os lábios pálidos e o rosto denunciavam cansaço. Diante daquela visão de si mesma, Lani cobriu o rosto e chorou.
Por que tinha que fazer tudo sempre errado?
Não bastava ter perdido a amizade de Samantha, agora tinha que afastar as pessoas que só queriam sua amizade? Não havia nada de errado em Emanuelle, então qual era o problema?
Lani deixou que a dor apertasse o peito.
Ela já sabia a resposta, o problema era ela.
Podia aparecer qualquer pessoa querendo sua amizade, mas Lani tinha medo de confiar e de errar de novo.
_O que eu vou fazer agora? – Lani perguntou para sua imagem no espelho.
Lágrimas desceram calmamente pelo seu rosto, deixando este ainda mais cansado.
“Essa não sou eu.” Lani pensou enquanto puxava o cabelo para trás e prendia num rabo de cavalo, estava tentando de alguma forma voltar a ser a Lani alegre e divertida que já tinha sido.
Frustrada, percebeu que não seria o cabelo preso que devolveria a alegria aos seus olhos e a beleza ao seu rosto. Ela precisava de alguém, de um abraço, de uma mão para segurar, alguém que pudesse confiar. Cansada, deixou que o cabelo caísse novamente sobre os ombros e sobre o rosto. Lágrimas frias e tão vazias quanto os seus olhos voltaram a manchar o seu rosto, se dando por vencida, ela chorou.
_Nino, sinto sua falta. – Sussurrou.
Foi então que ouviu passos no corredor, apavorada lavou rapidamente o rosto e depois de secá-lo saiu do banheiro.
Forçou um sorriso e caminhou para a sua aula de desenho.
Quem sabe com um sorriso forçado a verdadeira Lani não retornaria lhe trazendo sorrisos de verdade? 

Continua   




Template by:

Free Blog Templates