quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Partida



Fui deitar. Acordaria muito cedo para pegar o ônibus e queria descansar um pouco. No entanto mesmo estando ali cansada eu não conseguia dormir, estava ansiosa demais.
Vi cada minuto passar devagar, tudo o que eu mais queria era fechar os olhos...
Quando finalmente deu a hora peguei a minha bolsa e saí de fininho de casa. O meu pai ainda estava dormindo e não notara a minha saída. Isso era ótimo, porque se ele soubesse a loucura que eu estava prestes a fazer ele me proibiria.
Corri para a rodoviária e esperei que o ônibus desse partida.
A viagem foi longa, cansativa. Eu não via a hora de chegar logo, queria poder falar com Eduardo, perguntar se ele já estava namorando com outra, apesar que isso já tinha ficado óbvio pra mim.
Já estávamos quase chegando na cidade quando peguei o meu celular para olhar as horas e percebi que este tinha descarregado. Gelei da cabeça aos pés. Precisava avisar aos meus pais onde eu estava, eles deviam estar preocupados.
Já era quase fim de tarde quando o ônibus parou e descemos.
A minha mãe tinha ido para a cidade do papai com o Carlinhos, afinal era sábado. A situação devia estar terrível lá, eu tinha que conseguir um jeito de avisá-los que estava tudo bem.
Passei primeiro em casa, estava com a chave, mesmo depois de me mudar a minha mãe nunca tirara a chave de mim.
Entrei na casa e caminhei direto para o meu quarto, iria pegar o meu violão, queria fazer uma surpresa para Eduardo.
Abri a porta e entrei.
Gláucia estava lá, já nem me lembrava mais dela.
_Mary?-ela perguntou largando um livro que lia.
_Oi Gláucia.-eu disse seca.
_O que você está fazendo aqui? Sua mãe foi pra casa do seu pai!
Continuei calada, não tinha vontade de contar nada para Gláucia, principalmente para ela.
Peguei o meu violão e ia sair do quarto de novo, quando me lembrei da gravação que estava comigo.
_Ei Gláucia?-me voltei para ela.-Você já contou para a mamãe que está grávida?
_Estou conseguindo esconder.-ela disse com um sorriso vitorioso.
_Então conta, porque se você não fizer eu vou fazer.
_O que?-ela perguntou sem entender nada.
_Sim. Você se arrependeu de tudo que fez comigo, mas ainda assim me deixou ir embora. Eu não vou ter mais pena de você Gláucia, sinto saudades da minha casa, da minha mãe, de todo mundo. É por isso que te dou alguns minutos para ligar pra ela e contar tudo que aprontou comigo, ou do contrário eu farei isso.
_Mary, eu não estou te entendendo.
_Claro que não, Gláucia. Você achou o que? Que eu iria ficar fazendo esse papel de boba a vida inteira? Pois então se enganou, eu cansei! Você não se importa a mínima comigo, por que eu me importaria com você? Não tenho motivos.
Virei as costas e saí do quarto.
Gláucia correu atrás de mim.
_Acho que você está louca!-ela disse com raiva.
_Talvez.
Segurei firme o violão e saí de casa.
Para ser sincera ainda não tinha certeza se mostraria a gravação para alguém, mas precisava ameaçar Gláucia para ver o que ela era capaz de fazer.

                                                                  Continua

Template by:

Free Blog Templates