segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Noite na sorveteria


Não sabia que roupa vestir, então acabei decidindo por um simples vestido branco.

Carlinhos entrou primeiro e eu fui atrás, a sorveteria estava simplesmente lotada, só havia uma mesa vazia no canto bem próximo ao balcão, fomos para lá.

A primeira pessoa que eu vi foi André, ele estava com um boné marrom na cabeça e era o único sem uniforme.

Ele estava preparando os sorvetes, colocando no copo, passando cobertura e etc...

Carlinhos e eu sentamos, André nos olhou e balançou a mão.

Não demorou muito e uma mocinha loira de uniforme colorido veio nos atender.

_Olá!Já escolheram que sabores vão querer?

_Eu quero de quatro bolas. -Carlinhos foi logo dizendo.

_Carlinhos!-repreendi. -Deixa de gula!

_Eu vou querer quatro bolas e já está decidido... Vou querer morango, chocolate, abacaxi, sonho de valsa...

A moça loira olhou para mim e perguntou:

_Posso trazer o que ele pode ou você vai dar a última palavra?Afinal, mãe é mãe...

_Mãe?-Carlinhos começou a rir.

Eu mal podia acreditar que ela tinha me chamado de velha!Eu?Mãe do Carlinhos?

_Olha aqui querida, eu acho mais fácil eu ser namorada dele do que mãe... Ele tem oito anos!Você por acaso sabe quantos anos eu tenho?-Perguntei tentando manter a calma.

_Desculpe, mas é que tantas adolescentes engravidam novinhas que...

_Sabe de uma coisa Carlinhos?Eu também vou querer quatro bolas.

Fiz o pedido e ela se retirou da mesa.

_Está velha em Mary?-Carlinhos disse rindo da minha cara.

Que ódio!A minha vontade era de ir até André e contar como tinha sido mal atendida. Mas resolvi me segurar e então mantive a calma.

A sorveteria não parava um minuto e de onde eu estava podia ver André correndo de um lado para o outro.

A mesma moça trouxe o sorvete, agradeci apesar de tudo e começamos a tomar, estava delicioso.

Já estava no final do sorvete quando André veio na nossa mesa:

_Olá. E aí?Gostando do sorvete?

_Delicioso.

_Então está jóia, e não se preocupem tudo que vocês tomarem hoje são por conta da casa. -Ele disse se afastando.

Carlinhos começou a rir:

_Satisfeita maninha?

_Hum?

_Ele não deu bola nenhuma pra você.

Olhei para o André que estava em outra mesa cheia de meninas e meninos, eles pareciam muito animados e André ria com eles.

_Carlinhos!Deixa de ser pangaré!Nada a ver... André é um antigo conhecido meu e eu tenho namorado, ta?

_Sei... Deixa o Caco ficar sabendo!

_Carlinhos!!

_Ele pode até não acreditar, mas vai ficar bem desconfiado.

_Para com isso!Você não vai contar nada para o Caco.

_Não, não vou contar... Você é minha irmã né?

_É isso aí...

_E vai me trazer na sorveteria sábado que vem de novo, também vai pagar mais quatro bolas pra mim.

_Nunquinha!

_Então eu acho melhor contar tudo para o Caco.

Fui obrigada a ceder, que ódio!Por que o meu irmão tem que ser um pé na bunda?

A sorveteria já estava vazia quando André caminhou em minha direção e puxando uma cadeira sentou com a gente.

_Tem alguma coisa pra fazer amanhã?-Ele perguntou.

_Não, mas você tem né?Amanhã é domingo, a sorveteria deve dar muito movimento.

Ele me olhou de uma forma estranha.

_Mary... Acho que preciso esclarecer uma coisa.

_Fala.

Ele disse pra Carlinhos e escolher um picolé e então começou a falar.

_Eu sei que você tem namorado, eu não estou te cantando Mary.

_Eu não pensei isso. -Disse sentindo meu rosto corar.

_Eu só estou querendo te fazer divertir, você não conhece mais ninguém aqui... É só isso, não quero que você fique entediada.

_Tudo bem, André. Se é só por isso, obrigada, mas não preciso que você faça esse sacrifício por mim.

_Sacrifício?-Ele riu. -Claro que não. É um prazer estar com você.

Carlinhos voltou com um picolé.

_E então?Vamos?Vou levar vocês no restaurante.

Ficamos de pé.

Já estávamos lá fora quando a moça loira apareceu.

_Você vai voltar André?

Ele pediu para que esperássemos e caminhou na direção dela. Ficaram conversando por alguns minutos, depois ele passou a mão no cabelo dela e a beijou no rosto, percebi que entre eles havia mais do que simples sentimento de amizade.

Ele voltou e voltamos a andar. Estava com muita vontade de contar para o André como tinha sido mal tratada pela garota loira, mas mordi a língua... Não queria fazer fofoca.

Paramos em frente ao restaurante, ele agradeceu e se despediu com um tchau e uma piscadinha de olho. Foi nesse momento que senti uma coisa nova, um arrepio bobo percorrer por todo meu corpo...

Bjocas


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