segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Dois meses depois....



       Dois meses sem ver Eduardo, sem ver André... Dois meses para ter um tempo só pra mim. Tudo o que eu mais precisava.
         Aproveitei esse tempo para estudar e colocar minha cabeça no lugar, já não suportava mais as dúvidas e precisava entender de que lado estava o meu coração.
         Por vezes me pegava pensando em Eduardo. Sentia falta dos seus olhos azuis sempre tão calmos. Do seu abraço tão confortante e por que não dizer dos beijos? Sentia falta de tê-lo comigo.
         Sempre que acontecia alguma coisa boa era logo de Eduardo que eu me lembrava, minha vontade era de correr ao telefone e contar para ele que tinha aprendido aquela conta dificil de matemática, ou que tinha tomado banho de rio com as meninas. Tudo de bom que acontecia me fazia lembrar dele.
         Não posso negar que também pensei muito em André. A cidade me faz pensar bastante nele, me faz lembrar dos momentos que passamos juntos... E me da uma louca vontade de reencontrá-lo e matar a saudade.
         Nane, Lipa e Dako continuam distantes. Não me ligaram, não mandaram cartas e nenhum recado. Isso me deixa bastante triste, como elas podem ter se esquecido de mim tão facilmente por causa de um acontecimento tão idiota? Eu não entendo.
         Minha mãe e Carlinhos vêm todo final de semana para a casa do papai. Tem sido os melhores dias da nossa vida! O papai não briga com a mamãe e por vezes vejo os dois conversando amigavelmente perto da piscina, ela tem até ido para o restaurante ajudá-lo. Parece que finalmente estão se entendendo. Pelo menos como amigos.
         Esse tempo distante de tudo me ajudou bastante.
         Me sinto mais leve, livre. Acho que é porque me livrei das mágoas, das feridas. Isso me tornou mais leve, mais feliz.
         Não mais fico triste quando penso em André. As feridas já não doem.
         Tenho estudado feito uma louca. O dia da prova do vestibular está chegando, isso é reconfortante pois já não aguento mais estudar.

         Sexta- feira, 22:00 hs
      
         Sozinha em casa.
         O papai ainda devia estar trabalhando no restaurante e eu terminava de estudar um capítulo do livro.
         Virei a página e um pedaço de papel caiu deste.
         Abaixei calmamente e o peguei.
         Senti meu coração bater mais forte e uma alegria me invadiu. Era a letra de Eduardo.

       Ah, maravilhosa Mary... Como te amo! Queria que você soubesse que não quero ser apenas seu amigo e que só passo metade do meu tempo te ajudando a estudar porque necessito estar ao seu lado. Te ver só de longe já não me satisfaz, pois a cada dia que te conheço mais te amo, isso é inevitável!
        
Lágrimas correram dos meus olhos.
Aquele bilhete provavelmente teria sido escrito logo no começo, quando eu ainda nem sabia que ele era o meu adimirador secreto. Será que ele deixara no meu livro de propósito? Se tinha sido de propósito não tinha funcionado muito, pois eu só o estava encontrando agora.
Levantei da cadeira e corri para o telefone. Já não conseguia suportar a saudade!
Disquei os números... Meus dedos tremiam.
Depois de chamar algumas vezes, ouvi a voz de Eduardo do outro lado da linha.
_Alô?
A saudade estava quase me sufocando.
_Alô? Quem é? – ele perguntou de novo.
_Edu? – eu disse com a voz tremida devido ao choro.
Silêncio.
_Quem é? –ele perguntou depois de alguns segundos sem nada dizer.
_Edu! Sou eu! – Eu disse feliz.
_Mary?
_Sim!
Dessa vez o silêncio foi maior.
_Está tudo bem? –ele perguntou.
_Só liguei pra matar a saudade da sua voz.
_Ah... – silêncio. Ele estava diferente. – Escuta Mary, eu estou muito  ocupado agora. Você se importaria de ligar mais tarde?
_Ah... Tudo bem. – minha voz quase não saiu.
Ia me despedir, dizer que tinha sido bom falar com ele, quando ouvi uma voz feminina bem distante dizer:
_ Amor, já terminei aqui. Vai demorar muito aí?
Não era preciso dizer mais nada.
O telefone escorregou da minha mão e caiu desligando.

                                                               Continua

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