segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Marcas que o tempo não curou


Para melhor entendimento, leia primeiro AQUI!!!


_Eu tinha quatorze anos e estava voltando do colégio.Era fim de tarde e eu tinha ido passear na praia, eu sempre fazia isso depois de sair do colégio. Eu amava a água do mar molhando meus pés e sentir o vento nos cabelos. Mas esse dia foi o pior dia da minha vida. Ele estava sentado perto do mar, eu não achei que houvesse algum problema e comecei a fazer o meu caminho de sempre. Foi então que ele se levantou e caminhou na minha direção...
Gláucia escondeu o rosto com as mãos e chorou:
_Foi o pior dia da minha vida, Mary.
O que eu poderia dizer?
Não disse nada.
_Ele era alto e forte... Quando percebi o que ele queria me fazer, eu tentei correr, mas ele me segurou forte e rasgou minha roupa.
_Não tinha ninguém na praia?
_Não naquele horário e não naquela parte da praia. Doeu muito, ele me machucou tanto...
Lágrimas quentes correram dos meus olhos só de tentar imaginar a cena.
_Quando terminou ele me arrastou até o shopping, comprou uma roupa bonita pra mim e me pagou sorvete.
_Em troca do seu silêncio?
_Ele me ameaçou! Disse que acabaria com a minha vida se eu contasse para alguém.
_Ei Gláucia! Você já o conhecia?
Ela concordou olhando para a cama.
_Ele era o dono de uma das lojas do shopping, foi por isso que nunca suspeitei dele! Eu não podia imaginar que ele fosse fazer tal coisa comigo!
_E você não contou para ninguém?
_Eu não tive forças e nem coragem. Eu era feliz até esse dia Mary, desde então eu me fechei de tudo e de todos. Eu tinha medo de alguém descobrir o que acontecia...
_O que acontecia?Foi mais de uma vez?
_Ele passou a ir me buscar no colégio  todo fim de tarde, três dias na semana e me levava para praia ou para o carro dele...
_Mas Gláucia, por que você não contava para alguém?
_Ele me ameaçava, Mary. Ele dizia que mataria o meu pai se alguém descobrisse alguma coisa. O meu pai devia muito dinheiro à ele, e ele dizia que se eu contasse para alguém ele acabaria com o meu pai.Eu não podia contar! Não podia!
Gláucia chorou amargamente e eu não pude fazer outra coisa senão chorar junto.
_Todos os dias ele ia me buscar no colégio e todo mundo achava que ele fazia um favor para meu pai.
_O seu pai e ele eram amigos?
_Não... Mas os dois faziam negócios juntos, por conta disso ninguém suspeitava.
_E até quando durou isso?
_Até o dia em que ele foi preso.
_Preso?Você denunciou?
_Não... Descobriram drogas no carro dele.
_E ele está preso até hoje?
_Foi morto na cadeia... Parece que tinha inimigos lá.
_Então ele já morreu?
_É...
_E você não contou pra ninguém?Ninguém?
_Não, nunca tive coragem... Mas agora eu precisava arrancar isso do meu peito. É por isso que estou me abrindo pra você, Mary!
_Eu sinto muito, Gláucia.
_Durou oito meses, pra mim parece oito anos.
_Eu imagino mesmo.
_Eu sei que você não tem culpa do que ele fez comigo, Mary.
_Você me magoou, Gláucia... Mas acho que devo te agradecer, porque do contrário talvez eu não estivesse com o Edu hoje.
_Sei...
_Você está mesmo grávida?-Perguntei ainda sem acreditar.
_Estou.-Ela colocou a mão na barriga e sorriu.-Esse filho vai ser muito bem vindo, mas na verdade eu não sei o que será da minha vida.
_Vai dar tudo certo, Gláucia.
Disse pegando em sua mão.

                                    : ( Pensativa

Template by:

Free Blog Templates