quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Antes da viagem...



Mandei uma mensagem de texto para Gláucia e outra para Eduardo.Avisei que iria embora uma hora da tarde e que queria conversar com eles antes disso.
Iria contar para Eduardo sobre o que Gláucia tinha me contado e explicaria que não poderia mostrar a gravação. Eu tinha certeza de que ele me entenderia perfeitamente.
Ainda  tinha esperança de não ir embora, por isso tinha marcado com Gláucia. Iria suplicar para que ela contasse a verdade.
A manhã passou voando. Eu queria que a hora parasse e que nunca chegasse uma hora da tarde, mas não era isso que estava acontecendo.
Quando deu meio-dia Eduardo apareceu, estava preocupado.
_Oi Edu!-Eu o abracei triste.
_O que está acontecendo, Mary?
Eu respirei fundo e comecei a contar tudo.
Primeiro contei da minha viagem que estava marcada.
_Faltam só quarenta minutos! Mary, você precisa mostrar a gravação para sua mãe logo!
_Eu não vou mostrar, Edu.-disse séria.
_O que? Você não conseguiu gravar?
Eu respirei fundo...
_Consegui... Mas não vou mostrar pra ninguém.
_Como não vai mostrar pra ninguém? A gravação foi feita pra isso!
Lágrimas correram dos meus olhos.
_Mary? Eu não estou te entendendo... Você quer  ir embora?
Solucei.
Não conseguia falar.
_Mary?-Os olhos de Edu também estavam cheios de lágrimas.-Você não pode ir... Eu te amo!
Eu caminhei para mais perto dele e o abracei forte.
Só queria que ele me segurasse em seus braços e que nunca permitisse minha partida.
Ficamos alguns minutos abraçados e eu controlei o meu choro.
_Vou te explicar tudo.-Disse olhando em seus olhos.
Ele apenas balançou a cabeça concordando e eu começei a contar tudo.
Eduardo me olhava surpreso, mas nada dizia.
_É isso, Edu.-Disse ao concluir.-Eu não tenho o direito de mostrar essa gravação pra ninguém, é a vida dela!Eu não posso fazer isso!
Ele enrugou a testa e me segurou forte nos braços:
_Mary, entende uma coisa, ela também não tinha o direito de espalhar fotos de você nua pela escola, mas ela fez isso!
_Eu não estava nua.
_Mas estava quase... Mary, eu não acredito que você a está defendendo!
_Não é defendendo, Edu! Entenda!
_Entender? É ilógico isso!
_Edu... São coisas da vida dela que mais ninguém sabe, ela só  contou pra mim... Eu não posso espalhar isso para o mundo! Eu não posso agir como ela!Eu não quero ser mais uma Gláucia da vida!
_Mary! Você depende disso para continuar aqui! E além do mais você não precisa mostrar toda a gravação, mostre somente a parte que ela confessa que armou tudo contra você.
Eu abaixei a cabeça triste, agora eu sabia que ele não me entenderia.
_Se eu mostrar que foi ela quem armou tudo, ela voltará para a casa da mãe dela e lá eles não têm a condição necessária para cuidar do bêbe. É melhor que ela fique aqui e dê para o bêbe a vida que ela não teve.
_Eu não acredito que você está dizendo isso. Então você vai embora?
_Eu pedi Gláucia pra vir me ver, eu vou conversar com ela e pedir que ela conte tudo pra minha mãe.
_Vai dar no mesmo, Mary. Você contando ou ela contando o resultado vai ser o mesmo.
_Talvez seja mesmo, Edu. Acontece que eu não quero tomar essa decisão na vida dela e do bêbe! É o futuro de uma criança que está em jogo e eu não quero ser a responsável.
Eduardo estava inconformado.
_Você está louca para ir matar a saudade de André, não é?
Eu quase engasguei.
_Claro que não!Não tem nada a ver com André!
_Então mostre a gravação e fique aqui comigo, Mary!
_Eduardo? Eu já te expliquei... Não vou fazer isso!
O portão foi aberto e a minha mãe entrou apressada.
_Mary, já está na hora. Temos que ir!
Eduardo escondeu os olhos e depois olhou pra mim.
_Gláucia não vai aparecer, Mary! Ela pouco se importa com você.
Fiquei calada. Não tinha palavras pra dizer.
_É isso mesmo que você quer?-Ele perguntou.
_É. Eu já decidi.
Eduardo desviou o rosto e mordeu o lábio inferior.
_Então também é o fim do nosso namoro.

                                                                                              Continua

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