Jantar - Parte IV

Para melhor entendimento, leia primeiro aqui.

_Não, Mary! -Caco segurou na minha mão e me impediu de sair de perto dele. -Eu confio em você, mas eu preciso que você confie em mim.

Continuei parada, sua mão segurando a minha.

_Por favor, Mary. Não termina comigo, eu te amo!-Eu olhei para ele com raiva, disposta a terminar com tudo e ficar livre, mas então vi seus olhos cheios de lágrimas.

Caco estava quase chorando por minha causa.

Vendo aquelas lágrimas naqueles belos olhos, eu senti toda determinação ir embora e o meu coração se contraiu de tristeza.

_Eu preciso de você, Mary. Confia em mim, por favor.

Caco precisava de mim, e eu precisava de André... No entanto, André estava com Daisy não era?

Que mal podia haver em fazer feliz alguém que precisava de mim? E depois, quem sabe Caco não conseguiria me fazer esquecer tudo que eu sentia pelo André?

Caco poderia estar falando a verdade, não poderia?

Ele e Gláucia poderiam ser apenas amigos, assim como eu era amiga de outros garotos... Mas por mais que eu me esforçasse não conseguia acreditar que Caco e Gláucia fossem apenas amigos.

_Por favor Mary, eu te peço só mais uma chance e prometo que será feliz ao meu lado.

Voltei a me sentar perto dele, mas nada disse.

_Eu não fiquei com Gláucia, eu gosto de você.-Ele disse segurando meu rosto e tentando fazer com que eu olhasse para ele.

Suspirei fundo.

_Então por que viajou sozinho?-Era uma das perguntas que estavam intaladas em minha garganta.

Caco tentou manter a calma, respirou fundo e olhando para mim disse:

_Eu precisava ficar sozinho, Mary. Precisava colocar os pensamentos em dia, pensar, e não poderia fazer isso perto da minha família.

_Mas você ficou o tempo todo com a Gláucia...

_Esquece a Gláucia, ta?Ela é uma ótima amiga, só isso!

Olhei em seus olhos:

_Você não está mentindo?

_Não Mary, ela é uma ótima amiga.

Encostei perto dele e ele me abraçou, eu ainda tinha muitas dúvidas:

_Por que precisava ficar sozinho?

Ele abaixou a cabeça sem coragem de olhar em meus olhos:

_Eu não passei no vestibular, Mary.

Fiquei calada, parada, sem saber o que dizer.

_Eu fui reprovado no vestibular. -Ele repetiu mais para ele mesmo do que para mim.

_Por que não me contou antes?

_Eu estava com vergonha, não queria chorar perto de você, não queria parecer um idiota fracassado e também estava muito magoado com o meu fracasso.

_Não tinha nada a ver!Errar é humano.

_Chorar é sinal de fraqueza, Mary.

E no entanto, ele tinha acabado de chorar por minha causa... Ele preferiu se fazer de fraco a me perder...

_Claro que não, Caco. Chorar só mostra o quanto você é humano, só mostra que você tem coração e sentimento.

_Eu não me conformei...

Como poderia terminar com ele se ele estava passando por um momento tão complicado?

_Caco... -O beijei com carinho. -Vamos fazer tudo junto agora. Não fica triste, eu tenho certeza  de que agora você consegue. Vamos estudar juntos e vamos passar no vestibular, nós dois.

_Então você não ficou com raiva?

_Claro que não, bobinho. Faremos pré-vestibular juntos, vai ser muito bom.

Caco sorriu e me beijou com carinho:

_Eu te amo, Mary.

Sorri sem nenhuma vontade e o beijei.

Infelizmente não poderia dizer o mesmo para ele, pois por mais que eu estivesse ao seu lado, o meu coração sempre pertenceria a outro.

                                                                                  Continua...